31.5.09

lily allen, kitsch.

Semana passada a Taís me mostrou um clipe da Lily Allen que eu ainda não conhecia, da música Not Fair. Para quem não conhece ou não lembra, peço para assistir o vídeo (clicando aqui) antes de continuar a ler. Se não, o texto não faz sentido.

Em um primeiro momento admirei muitíssimo a Melina Matsoukas, que até então eu também desconhecia, por ter conseguido ser kitsch e não imitar o kitsch.



Qualquer um imita o kitsch, qualquer um faz um videoclipe ou um ensaio com inspirações tidas como 'bregas', mas sempre com um toque cool, por coolzisse mesmo, porque é bem fácil e todo mundo adora. É só usar um ou dois elementos kitsch; como luz e maquiagem, ou cor e acting, ou figurino e montagem, enfim; e manter os demais elementos modernos e legaizinhos.

Eu estava esperando que fizessem algo realmente brega, de propósito, mas muito brega. Não o brega romantizado. O brega de verdade, com o figurino mais cafona, a maquiagem mais ridícula, a fotografia mais lixo, o acting mais vergonhoso, etc. Porque aí sim vai ser cool.

Quando se mistura os elementos tidos como bons e alguns tidos como kitsch - timidamente, para causar uma sensação em quem está vendo - a obra inteira se torna kitsch justamente pelo fato da mistura. É essa tentativa na intenção da criação da obra (seja um texto, uma foto, um videoclipe) que faz com que ela perca o seu valor.



Achei que esse clipe da Lily tivesse conseguido, mas comecei a perceber alguns toques de humor que não seriam característicos da situação original, ou seja, um videoclipe country num programa de TV americano antigo. O acting do baterista denuncia a intenção, porque cai fora do seu contexto. É um elemento novo que a diretora colocou para dentro daquele universo, para deixar bem claro "olha, isso é só uma brincadeira, estamos fazendo tudo brega assim de propósito, mas para vocês ficarem contentes, vou tirar um sarro com a cara do baterista, para não ficar tão monótono".

Enfim, achei uma pena. As dançarinas, a luz, a introdução, a maquiagem dela, a roupa, os planos dos animais; tudo perfeito. E estragaram tudo não sei por quê. Mais coragem da próxima vez.

De qualquer forma, o clipe é bom e quase perfeito.

Reflitam.

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